Movimento Repensar

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QUAL O PROPÓSITO DA PESQUISA REPENSAR?

A pesquisa Repensar foi desenvolvida junto a clérigos de denominações históricas, consideradas alicerces do Protestantismo, na Alemanha, Reino Unido e no Brasil, bem como junto a líderes das denominações consideradas independentes ou não conformistas, sendo elas:

  1. Na Europa: Igrejas oficiais (Luterana na Alemanha e Anglicana no Reino Unido, especificamente Inglaterra e País de Gales); Igrejas independentes ou não conformistas, tais como: Assembleia de Deus; Batista; Metodista; Congregacional e Presbiteriana.

  2. No Brasil: Assembleia de Deus; Batista; Congregacional e Presbiteriana.

A coleta de dados foi realizada através de entrevista e observação participante. Visando reduzir o grau de subjetividade do processo presencial, algumas medidas foram adotadas, tais como: as entrevistas foram realizadas individualmente; o modelo de entrevista aplicado foi o informal semi-estruturado, no qual as perguntas são formuladas pelos pesquisadores e enviadas previamente para os entrevistados; a entrevista é feita da forma mais aberta possível, permitindo que o respondente discorra livremente sobre os assuntos abordados, tendo os pesquisadores o cuidado para que o foco das discussões seja mantido em torno dos fenômenos de interesse da pesquisa.

Para a preservação do maior número possível de informações, tais como foram repassadas, e o aumento do grau de confiabilidade dos dados coletados, os pesquisadores gravaram as entrevistas, com a devida autorização dos respondentes.

A pesquisa foi de natureza aplicada, tendo como motivação a necessidade de se produzir conhecimento para fins práticos a partir de estudos teóricos, concernentes aos efeitos da secularização pós-moderna no dimensionamento quantitativo e qualitativo de denominações protestantes/evangélicas, na Europa e no Brasil. O foco social da pesquisa evidencia-se na medida em que se buscou conhecer as impressões e percepções de um grupo específico de pessoas, no caso os clérigos e líderes das denominações protestantes/evangélicas históricas, na Europa e no Brasil.

O problema investigado exigiu uma abordagem quali-quantitativa, tendo em vista que implicará na interpretação e atribuição de significados aos resultados obtidos, considerando-se o vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade dos sujeitos envolvidos, que não pode ser traduzido em números, bem como o tratamento estatístico dos dados coletados.

Visando a compreensão dos fenômenos, os pesquisadores priorizaram o contato direto com o público de interesse deste estudo, se engajando numa compreensão interpretativa das mentes daqueles que foram parte da pesquisa, em seu próprio contexto e vistos como indivíduos em sua totalidade. Nesse sentido, observaram-se os fatos tal como ocorrem, sem preocupação em modificá-los.

Como característica própria da abordagem qualitativa, não partimos de hipóteses estabelecidas a priori, que exigissem a busca de dados ou evidências que corroborassem ou negassem suposições. Na verdade, o ponto de partida se deu por um foco amplo, o de identificar até onde os impactos da secularização pós-moderna respondem pelo esvaziamento de igrejas na Europa, ou comprometem a qualidade do crescimento de outras, no Brasil. Esta proposta envolveu questões abrangentes, que foram se tornando mais diretas e específicas no transcorrer da investigação, em virtude da realidade e do contexto em que se inserem as diferentes denominações ao longo da história.

Quanto aos seus objetivos, a pesquisa é do tipo descritivo-exploratória. Seu caráter exploratório se configura por proporcionar maior familiaridade com o problema levantado, com vistas a torná-lo explícito, permitindo, igualmente, descrever, à luz dos fundamentos bíblicos, as forças e fragilidades das estratégias que vêm sendo adotadas pelas denominações evangélicas históricas, para o enfrentamento dos impactos da pós-modernidade.

No que concerne aos procedimentos metodológicos, esta pesquisa pode ser classificada como sendo bibliográfica, pesquisa-ação participativa e levantamento. Para tanto, os pesquisadores recuperaram o conhecimento científico acumulado sobre a temática averiguada, a partir da revisão e análise da literatura já publicada, principalmente sobre a história do Cristianismo ao longo dos tempos, com ênfase para os novos contornos e arcabouços teológico-doutrinários, adquiridos em virtude das influências socioculturais e filosóficas contemporâneas.

Por que realizar esse estudo na Europa e no Brasil?

Alguns apontamentos feitos em nosso projeto de pesquisa, estão expostos abaixo, para que você possa compreender melhor as razões que nos motivaram a realizar a pesquisa na Europa e no Brasil. Caso você queira ler o documento na íntegra para estudar com profundidade o assunto, entre em contato com a nossa equipe através do e-mail: repensarmovement@gmail.com

No entendimento de Ayres (1998, p. 6), “[…] o momento que a Igreja de Cristo está inserida é marcado pelo rompimento das fronteiras sociais, desmantelamento dos sistemas, quebra de tabus, nova moralidade, novos critérios éticos e a destruição dos sistemas de valores presentes nas gerações passadas”.

Por sua vez, Gondim (1996, p. 41-46) nos adverte que “[…] a geração Pós-Moderna é uma geração sem conteúdo, sem profundidade, que preza pelo hedonismo, niilismo e o narcisismo. Eles têm prazer no efêmero, nada de sentimento de culpa e nada de valores permanentes”. Ainda, segundo Gondim (1996), nesse contexto a cosmovisão religiosa se perde e passa a participar na sociedade como mais uma opção entre muitas. Todas as visões da realidade podem ser vistas como verdadeiras, desde que nenhuma se imponha sobre a outra. Impera-se a indecisão e a dúvida. “Na ambiguidade pós-moderna, ninguém sabe o suficiente, e ninguém tem a certeza para assumir uma postura ou defender qualquer ideia. Assim, assiste-se o auge dos indecisos e, imperam, mesmo dentro do cristianismo, os agnósticos, os indiferentes”.

 

Para Stott (2007, p. 19), em caráter geral, no Ocidente, “[…] a igreja não está crescendo. Seu desenvolvimento é mirrado. Suas águas estão estagnadas, seu fôlego está ofegante. Ela não está num estado de renovação, mas de decadência”.

 

Na compreensão de Tarnas (1999), as igrejas cristãs, involuntariamente, contribuíram para seu próprio declínio, deixando seus membros mais suscetíveis às influências secularizantes da Era Moderna.

Constata-se, portanto, que a falta de convicção doutrinária faz com que o crente relativista, pós-moderno, facilmente sincretize sua fé.

 

Blainey (2011, p. 310, 311) chega a dizer que a Europa, por exemplo, “[…] deixou de ser o coração da cristandade […]”, e “[…] os europeus que afirmam com segurança serem ateístas, vêm se multiplicando rapidamente”.

A partir desse cenário, levantamos duas questões para investigação:

 

1. Porventura, esse cenário responde pelo processo de esvaziamento ao qual vem sendo submetidas as igrejas protestantes europeias?

 

2. Qual tem sido a ortodoxia e a ortopraxia dominantes entre os que permanecem vinculados a alguma igreja protestante ou não conformista?

 

No Brasil, segundo Throup (2011, p. 18), “[…] o sucesso de novos movimentos estrangeiros e novidades estranhas se deve, parcialmente, à falta de ação dos protestantes de igrejas tradicionais”. Na concepção desse autor, com alarmante frequência, presenciamos essa mudança do modus operandi das igrejas. O discipulado, a Escola Bíblica Dominical, o sermão expositivo e o evangelismo de rua estão fora da moda; aos poucos caem fora da casa do Senhor. Hoje, o que se prega é o sofismo do pensamento positivo, por meio de ‘vigílias e correntes’. Se, no púlpito, a psicologia popular toma o lugar da pregação bíblica, no santuário, o espetáculo teatral substitui o culto racional. Em termos de missiologia, o oba-oba das campanhas que visam a agregar gente parece ser a prioridade preponderante, e não o evangelismo de fato […]. (THROUP, 2011, p. 18-19).

 

Na percepção de Oliveira (2004, p. 178), a conversão ao Cristianismo não tem sido o fator do crescimento numérico de evangélicos no Brasil, mas sim, a adesão, especialmente entre os pentecostais. Segundo esse autor, a adesão pode ser entendida como uma opção de escolhas geralmente motivadas por necessidades pessoais imediatas, quer por conveniência, quer por identificação religiosa, ou ainda, por outros interesses de natureza material, psicológica, social, religiosa, familiar, etc.


Ante o cenário exposto, levantamos uma terceira questão-problema à pesquisa: Serão sobre essas bases ou motivações que a igreja evangélica brasileira tem crescido quantitativamente nas últimas décadas?