As entrevistas e as observações participativas foram realizadas no âmbito da Pesquisa Repensar, entre os anos de 2018 e 2019, na Alemanha, País de Gales e Inglaterra, em cidades como Nuremberg, Marburg, Neath, Swansea e Londres. Foram entrevistados cerca de 20 pastores e líderes de denominações como a Luterana, Anglicana, Presbiteriana, Congregacional e Batista.
Em linhas gerais, considerando o teor das entrevistas e as percepções da equipe nas participações em algumas atividades realizadas por essas igrejas, pudemos detectar o seguinte cenário:
Forte pressão exercida pela cultura secularizada sobre a consciência espiritual dos membros das igrejas;
Maior estabilidade e influência das igrejas oficiais (Luterana e Anglicana) com relação às igrejas livres e não-conformistas;
Considerável esvaziamento das igrejas em seus cultos regulares;
Faixa etária prevalecente da membresia que frequenta os cultos regularmente extremamente alta, na média de 70 anos;
Considerável desinteresse dos jovens pelas atividades espirituais desenvolvidas pelas igrejas;
Profunda crise vocacional entre os remanescentes das Igrejas Livres e das não-Conformistas,o que se reflete na grande carência de pastores e líderes;
Frequente fechamento de igrejas em função de decréscimo numérico da membresia, principalmente por sua não renovação;
Ausência de projetos de revitalização interna e avanço evangelizador na sociedade;
Pessimismo com relação à situação da igreja.
Não obstante o cenário supracitado, observamos alguns sinais positivos demonstrados pelos pastores e líderes entrevistados, como segue:
Percepção adequada do atual cenário espiritual das igrejas e da sociedade em geral;
Insatisfação com o quadro geral da igreja e desejo por mudanças, inclusive com engajamento em oração para que isto aconteça;
Disposição de receber ajuda da igreja brasileira com vistas a revitalização da espiritualidade no contexto europeu.
Tendo exposto nossas impressões relativas às entrevistas e observações participativas no âmbito da pesquisa, passo a relacionar algumas ações possíveis à igreja brasileira face ao desafio espiritual da Europa:
Mudança da perspectiva de que a Europa é um continente enviador de missionários pela perspectiva de que a Europa é um campo missionário dos mais complexos e desafiadores;
Fomento da consciência de que a igreja brasileira deve preparar missionários para o contexto europeu e desenvolver projetos missionários de médio e longo prazos para este continente;
Estabelecimento de um diálogo, que pretenda ser contínuo, com os pastores europeus, com vistas ao desenvolvimento conjunto de ações que contemplem os ideais de revitalização da igreja europeia e o envio de missionários brasileiros para o contexto europeu;
Estabelecimento de diálogo com seminários e escolas de preparo missionário brasileiros para a criação de programas específicos de preparo de vocacionados brasileiros para o contexto europeu, bem como de programas destinados a cristãos europeus dispostos a receber capacitação bíblico-teológica e missionária em nosso país.